segunda-feira, fevereiro 05, 2007

dias felizes

Noutros dias acordava de manhã com a certeza de que aquele seria o seu dia, um dia feliz, em que se sentiria bem consigo e com os outros.
Olhava o espelho e punha um sorriso no rosto.
Vestia-se bem, mais para os outros que para si, para que os trapos também ajudassem a fazer o dia melhor.
Saía de casa e começava a esmorecer no trânsito que lhe consumia os minutos e as primeiras energias da manhã.
As tarefas monótonas, rotineiras, os maus ambientes, os conflitos dissimulados começavam as puxar-lhe os cantos dos lábios em direcção ao chão.
Instintivamente encolhia os ombros, enfiava a cabeça bem no meio, despachava papeis e contava os segundos até ao final do dia.
Até à hora em que o ar frio da noite lá fora, o carro à espera a levaria para bem longe dali, para o outro lado do dia, aquele em que podia ser finalmente feliz.

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